Jogo da Glória

2/13/2006

Necessita avaliação técnica..... Sugiro médico!

As flutuações políticas, ideológicas, intelectuais (ou outras que pretendam associar) de Freitas do Amaral não podem deixar de merecer um reparo da minha parte. Já tentei por várias vezes analisar as suas posições de forma despudorada de convicções e ideais, mas nunca consigo chegar a uma conclusão que me satisfaça.


Ao longo dos anos, este "camaleão político" tem vindo a surpreender toda a classe (e afectos à bisbilhotice) com uma evolução de pensamentos que para mim se afigura como inclassificável..... Não dá para perceber, acreditem....

A primeira vez que ouvi falar dele, não tinha mais de quatro anos. Recordo-me do fervor da população e da agitação, de uma figura imponente que moveu dezenas de pessoas na minha terrinha. Fez sair à rua grande parte dos santacombadenses, distribuiu beijinhos e abraços e, um dos elementos de que mais me recordo, é sem dúvida o chapéu branco à anos 20 que inundou toda a campanha. Falo, como é óbvio, das eleições presidenciais de 86.


Mas a história deste senhor não se resume às minhas lembranças e o seu percurso político já vinha de antes. Um dos pontos mais marcantes na definição do homem: foi fundador, em 1974, do CDS (o partido democrata-cristão português), e foi seu presidente de 1974 a Dezembro de 1982 e, de novo, de 1988 a 1991. Exerceu vários cargos no Governo, sempre ligado a uma ala mais situada à direita, e quando eneveredou por um período de nojo político, rumou aos Estados Unidos para presidir à 50ª Assembleia Geral da ONU.


Mas nunca foi pessoa de consensos. Já no passado foi um convicto flutuador, estando com Balsemão e atraiçoando-o, aproximando-se de Soares e concorrendo contra ele ao cargo de Chefe de Estado......... Oportunismo? Evolução ideológica? Espírito de contradição? Necessidade de distanciamento ou criação de rupturas? Fuga aos rótulos??


Eis que surge o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros num governo socialista, um governo que aliás envergonha a direita e o portismo ao alcançar uma maioria absoluta À primeira tentativa governamental..... Logo se segue o episódio caricato do retrato viajante entre o Caldas e o Rato, e uma nova postura de um homem que se assume de Estado, voz da política internacional do Estado, mas um dos mais severos críticos da geopolítica internacional? Deu o dito por não dito? As opiniões vacilam, mas eu acredito que sim...... Lá se foi a palavras, os argumentos ficam reduzidos a uma mão cheia de nada!


Agora são os cartoons e a liberdade de expressão. Freitas dá outra vez o dito por não dito..... Primeiro, a excepção entre europeus, repudia a publicação dos cartoons, sublinha que a liberdade de expressão não se pode ir contra o respeito pelas civilizações.... E NEM UMA ÚNICA PALAVRA EM RELAÇÃO AOS ACTOS DE VIOLÊNCIA SOBRE AS EMBAIXADAS DE PAÍSES EUROPEUS..... Lá vem o senhor novamente a público, depois de um reparo em coro trazidos pelos ventos do norte do Velho Continente, tentar desculpar o erro inicial e colocar-se, a si e sobretudo ao Governo (que é quem a personagem representa, apesar de se esquecr muitas vezes de tal).....................


Mas não chega, há que cavar sempre um pouco mais fundo..... Hoje, o Público dá conta, numa pequena caixa, de mais uma "argolada ministerial"....
Título: "Freitas diz que o Ocidente tem sido "agressor" em relação ao médio Oriente.... O Sr Freitas acredita que o Médio Oriente tem mais razões de queixa do Ocidente do que o contrário. "Quem têm sido os maiores agresores nos últimos tempos? Somos nós [atenção à concordância] Portanto cabe-nos a nós a iniciativa e cabe-lhes a eles também dar passos nesse sentido e não utilizarem a violência porque os protestos são legítimos mas há muitas maneiras pacíficas de fazer protestos"......


Ou isto está muito descontextualizado, ou a mim não me diz nada!!!! Se calhar é preconceito.........


Não falamos só do Médio Oriente, como é óbvio, mas gostava de deixar a questão: Onde estava este senhor no dia 11 de Março?
Uma hipótese de resposta..... Em Madrid não estava, com certeza!