Jogo da Glória

4/08/2006

New(s) Technology

A Universidade Católica recebeu hoje realizadores de vídeo e podcasts para o primeiro Encontro Nacional de Podcasts. Podem ouvir aqui as conclusões.

Chamam-lhe a mentira!

"Dois homens estão numa sala, frente a frente. Primeiro um fala e o outro ouve. Depois, um ouve e o outro fala. Que se saiba, nenhum tem especiais dificuldades de audição ou, o que seria mais grave, de compreensão. A conversa demora 15 minutos. No fim, um diz que demitiu o outro e o outro diz que se demitiu sem precisar de ajuda. A conclusão é fácil: um dos dois está a mentir.

É um dos dois, não há saída: ou o actual ministro da Justiça, Alberto Costa, ou o até há poucos dias director nacional da Polícia Judiciária, Santos Cabral.

À mentira junta-se a cobardia, porque esta história só tem duas versões diferentes porque alguém foi humilhado mas quer fazer de conta que passou o tempo todo numa reunião com ares de superioridade.

Saber a verdade, se foi um ou o outro, é, neste momento, irrelevante. Mas saber que no topo da hierarquia do Estado está, ou esteve, um mentiroso e um cobarde é preocupante. Há alguém que, neste momento de público aperto, mostrou que não tinha carácter para ocupar o seu cargo. Treme-se ao pensar como terá agido em momentos de aperto privado - e, seja um ou outro, seja ministro ou chefe das polícias, já deve ter tido muitos."

[In editorial da revista Sábado, 6-04-06]


Confesso que só dei alguma importância à questão no momento da demissão... Até lá, a história passou-me completamente ao lado. Um apanhado sobre os constrangimentos financeiros, a ameaça de demissão em bloco e pouco mais.... Para trás ficou a mudança na jurisdição das polícias e outras achas que aqueceram bastante esta fogueira.... Mea Culpa!

O certo é que este editorial, de que retirei apenas um excerto, é uma brilhante análise da situação....

3/01/2006

Dá que pensar!

"Na verdade, o que aconteceu no 24 Horas, quando a redacção foi invadida por polícias e magistrados, só não causou estragos maiores porque ainda se conseguiu recorrer aos tribunais. Mas será tal possível quando, um destes dias, alguém se apresentar numa redacção invocando o ponto 1 do artigo 53º da dita lei: "A ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] pode proceder a averiguações e exames em qualquer entidade ou local, no quadro da prossecução das atribuições que lhe estão cometidas, cabendo aos operadores de comunicação social alvo de supervisão facultar o acesso a todos os meios necessário para o efeito". Nem mandato judicial, nem justificação plausível, apenas a exigência de um tapete vermelho para senhores que nem sequer necesitam de ser funcionários da ERC.
Dir-se-á que tal nunca sucederá pois a ERC não vai precisar de irromper pelas redacções. Talvez, mas a lei prevê que entre os seus poderes de "supervisão" está o de apreciar se um jornal ou uma televisão cumpre "em matéria de rigor informativo". Será que para o fazer não quererá vasculhar, por exemplo, as notas dos jornalistas? As gravações que não foram transmitidas? A lei, tal como está redigida, não o impede...
E que dizer da sua misteriosa obrigação de "proceder à identificação dos poderes de influência sobre a opinião pública, na perspectiva da defsa do pluralismo e da diversidade, podendo adoptar as medidas necessárias à sua salvaguarda"? Se a lei estivesse em vigor no tempo em que Marcelo ainda estava na TVI e batia recordes de audiência a ERC podia, ou porventura até devia, recomendar a José alberto Moniz que o tirasse do ar. É que ele seria suspeito do "crime" de excessiva influência sobre a opinião pública, curiosamente o mesmo de que Santana se queixava...
Temos pois que uma entidade que devia servir a liberdade, garantindo o pluralismo por via da regulação da concorrência, pode descambar numa polícia da liberdade. Mais: no clima em que hoje vivemos, depois das sugestões dadas por ministros sobre como se devem portar os jornalistas face a um Ministério Público assanhado e face a esta decisão judicial [considerar que é legítimo vasculhar computadores de jornalistas], só falta mesmo que se acrescente ao Código Penal, como está em discussão, um novo crime só para jornalistas: o "crime de perigo", aplicável a qualquer trabalho que possa, por exemplo, prejudicar uma investigação criminal, logo aplicável a todo o jornalismo de investigação.
A liberdade de informação já viveu melhores dias em Portugal""
José Manuel Fernandes, in Público

Não deixa de ser curioso que o director do Público, o jornal que menos investigação faz no país entre os mais lidos dos diários nacionais (na minha humilde opinião), venha alegar o crime de perigo e defender um dos jornais que mais voltas dá até encontrar a notícia (24 Horas)..... Em todo o caso, costumo gostar do que o senhor escreve e não podia deixar de passar ao lado do seu editorial de hoje..... Porque todos parecem estar indiferentes ao bloqueio informativo que se pode avizinhar!

2/28/2006

Arrogantes coincidências

Maurício Costa é um nome que muitos, à primeira leitura, poderão não descortinar de imediato. Talvez os mais atentos, os jornalistas com mais tempo de casa ou a população sadina despertem os sentidos quando alguém o pronuncie, ainda assim, regra geral não passará disso mesmo, um nome.... Contudo, se o associarmos a duas estrutras, o nome de Maurício Costa ganha imediatamente outra dimensão e importância: Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão e, sobretudo, Comissão de Acompanhamento Ambiental da Secil.......

Desperta a atenção, é tempo de dizer que os timings políticos do país (ou as próprias travessuras do destino) podem ser mesquinhos e arrogantes.... As coincidências, pr vezes, chocam!

Maurício Costa, o porta voz da Comissão de Acompanhamento e um dos mais acérrimos contestatários da co-incineração, morreu no preciso dia em que José Socrates e afins decidiram avançar com a queima de resíduos industriais perigosos no Outão e em Souselas.


Maurício Costa foi professor e, diz a Lusa, tornou-se "conhecido dos setubalenses como pedagogo e, posteriormente, pela permanente intervenção cívica em defesa do ambiente e do património cultural da cidade de Setúbal". A sua última iniciativa passou pela organização de um abaixo-assinado (que reuniu mais de oito mil assinaturas) de sensibilização para as urgentes obras de recuperação do Convento de Jesus, mas foi como feroz opositor da co-incineração que maurício Costa mais se destacou.

Eles há coincidências que magoam e esta tocou-me forte. Porque, apesar de ter sido uma coincidência, não deixa de espelhar a arrogância e e teimosia do Governo. Com base nos dados da Comissão Científica 'Independente' (CCI), segue a incineração de resíduos perigosos nas maiores cimenteiras do país

E, para não variar muito, sexta-feira o vaidoso Sócrates e as suas marionetas amestradas apresentam as conclusões da CCI debaixo de mais um show off mediático, com elementos da Comissão Europeia e responsáveisde algumas cidades europeias onde o co-incineração foi já adoptada.

Longe dos pareceres técnicos favoráveis ou contrários a este tipo de tratamento de resíduos e incapaz de ter uma opinião clara e convicta sobre os prós e contras da co-incineração, este post é sobretudo uma maneira de homenagear alguém que foi completamente esquecido pelos media, no dia de mais uma reviravolta na política ambiental do país.....

É bom saber que houve alguém que lutou pelo que defendia...

2/15/2006

Ao que chegámos

"Tirem já as mãos de cima dos teclados [dos computadores], parem tudo o
que estão a fazer e saiam da redacção".
Foi desta forma que os inspectores da PJ se dirigiram aos jornalistas do 24 Horas, por causa da história do Envelope 9 e dos registos telefónicos anexados (ou não) ao Processo Casa Pia.
Resultado final, 3 jornalistas constituídos arguidos e computadores pessoais apreendidos.
Quem quiser saber mais, veja a Lusa.
Era a isto que se referia o Presidente da República quando pediu responsabilidades?
Shame on you!

2/13/2006

Necessita avaliação técnica..... Sugiro médico!

As flutuações políticas, ideológicas, intelectuais (ou outras que pretendam associar) de Freitas do Amaral não podem deixar de merecer um reparo da minha parte. Já tentei por várias vezes analisar as suas posições de forma despudorada de convicções e ideais, mas nunca consigo chegar a uma conclusão que me satisfaça.


Ao longo dos anos, este "camaleão político" tem vindo a surpreender toda a classe (e afectos à bisbilhotice) com uma evolução de pensamentos que para mim se afigura como inclassificável..... Não dá para perceber, acreditem....

A primeira vez que ouvi falar dele, não tinha mais de quatro anos. Recordo-me do fervor da população e da agitação, de uma figura imponente que moveu dezenas de pessoas na minha terrinha. Fez sair à rua grande parte dos santacombadenses, distribuiu beijinhos e abraços e, um dos elementos de que mais me recordo, é sem dúvida o chapéu branco à anos 20 que inundou toda a campanha. Falo, como é óbvio, das eleições presidenciais de 86.


Mas a história deste senhor não se resume às minhas lembranças e o seu percurso político já vinha de antes. Um dos pontos mais marcantes na definição do homem: foi fundador, em 1974, do CDS (o partido democrata-cristão português), e foi seu presidente de 1974 a Dezembro de 1982 e, de novo, de 1988 a 1991. Exerceu vários cargos no Governo, sempre ligado a uma ala mais situada à direita, e quando eneveredou por um período de nojo político, rumou aos Estados Unidos para presidir à 50ª Assembleia Geral da ONU.


Mas nunca foi pessoa de consensos. Já no passado foi um convicto flutuador, estando com Balsemão e atraiçoando-o, aproximando-se de Soares e concorrendo contra ele ao cargo de Chefe de Estado......... Oportunismo? Evolução ideológica? Espírito de contradição? Necessidade de distanciamento ou criação de rupturas? Fuga aos rótulos??


Eis que surge o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros num governo socialista, um governo que aliás envergonha a direita e o portismo ao alcançar uma maioria absoluta À primeira tentativa governamental..... Logo se segue o episódio caricato do retrato viajante entre o Caldas e o Rato, e uma nova postura de um homem que se assume de Estado, voz da política internacional do Estado, mas um dos mais severos críticos da geopolítica internacional? Deu o dito por não dito? As opiniões vacilam, mas eu acredito que sim...... Lá se foi a palavras, os argumentos ficam reduzidos a uma mão cheia de nada!


Agora são os cartoons e a liberdade de expressão. Freitas dá outra vez o dito por não dito..... Primeiro, a excepção entre europeus, repudia a publicação dos cartoons, sublinha que a liberdade de expressão não se pode ir contra o respeito pelas civilizações.... E NEM UMA ÚNICA PALAVRA EM RELAÇÃO AOS ACTOS DE VIOLÊNCIA SOBRE AS EMBAIXADAS DE PAÍSES EUROPEUS..... Lá vem o senhor novamente a público, depois de um reparo em coro trazidos pelos ventos do norte do Velho Continente, tentar desculpar o erro inicial e colocar-se, a si e sobretudo ao Governo (que é quem a personagem representa, apesar de se esquecr muitas vezes de tal).....................


Mas não chega, há que cavar sempre um pouco mais fundo..... Hoje, o Público dá conta, numa pequena caixa, de mais uma "argolada ministerial"....
Título: "Freitas diz que o Ocidente tem sido "agressor" em relação ao médio Oriente.... O Sr Freitas acredita que o Médio Oriente tem mais razões de queixa do Ocidente do que o contrário. "Quem têm sido os maiores agresores nos últimos tempos? Somos nós [atenção à concordância] Portanto cabe-nos a nós a iniciativa e cabe-lhes a eles também dar passos nesse sentido e não utilizarem a violência porque os protestos são legítimos mas há muitas maneiras pacíficas de fazer protestos"......


Ou isto está muito descontextualizado, ou a mim não me diz nada!!!! Se calhar é preconceito.........


Não falamos só do Médio Oriente, como é óbvio, mas gostava de deixar a questão: Onde estava este senhor no dia 11 de Março?
Uma hipótese de resposta..... Em Madrid não estava, com certeza!

2/11/2006

Algumas respostas


Antes de começar qualquer desafio bloguístico, achei por bem dar uma breve explicação a todos quantos possam eventualmente vir a ler este espacito, na expectativa de que possam compreender melhor tudo aquilo que vier a escrever ou citar!


A menina de direita, que de pensamento recto e linear tem muito pouco, foi desde há muitos anos habituada a discutir política em casa.... As origens, essas, não escondo. Não posso deixar de destacar que muito daquilo em que acredito está sobretudo relacionado com o que o meu pai me passou. E que saudades tenho das muitas discussões que travámos, anos mais tarde, em relação a trinta mil temas diferentes. Foi exactamente ele, uma das pessoas mais inteligentes e extraordinárias que passou pela minha vida, que permitiu que o meu pensamento atravessadamente liberal evoluísse e, de quando em vez, fizesse tangentes a alguns ideais mais acerrimamente ligados à esquerda. Da dissidência se faz a evolução e crescimento....

A leitura de fim de semana, também não engana os mais informados. Durante muitos anos, o Semanário e o Expresso foram uma presença constante......

Mas nada disto impede que muitas injustiças sociais me belisquem e causem mossa..... Adoro os arrojados que apostam no investimento (sim, não tenham dúvidas, admiro a investida do Belmiro de Azevedo), mas não sou uma consumidora desenfreada ou apologista da futilidade por moda.....

Quanto ao PSD..... grrrrrrrh.... Buhhhhhh.... Sigla que tantos arrepios provoca a tanta e tanta gente..... Fica desfeito o mito! Não nego à partida a familiaridade que já existiu, mas acreditem que neste momento apenas consigo olhar para aquela 'instituição' como um bando de parasitas do poder, sem orientação ou perfil para exercer sequer as funções de tesoureiros da paróquia da esquina...... Acredito que consiga ser mais crítica que um batalhão de críticos em dia de vinagre.......


Quem ficar chocado com o que vier a escrever tem bom remédio: manifeste-se!!!
Bem vindos a bordo!