Jogo da Glória

4/08/2006

Chamam-lhe a mentira!

"Dois homens estão numa sala, frente a frente. Primeiro um fala e o outro ouve. Depois, um ouve e o outro fala. Que se saiba, nenhum tem especiais dificuldades de audição ou, o que seria mais grave, de compreensão. A conversa demora 15 minutos. No fim, um diz que demitiu o outro e o outro diz que se demitiu sem precisar de ajuda. A conclusão é fácil: um dos dois está a mentir.

É um dos dois, não há saída: ou o actual ministro da Justiça, Alberto Costa, ou o até há poucos dias director nacional da Polícia Judiciária, Santos Cabral.

À mentira junta-se a cobardia, porque esta história só tem duas versões diferentes porque alguém foi humilhado mas quer fazer de conta que passou o tempo todo numa reunião com ares de superioridade.

Saber a verdade, se foi um ou o outro, é, neste momento, irrelevante. Mas saber que no topo da hierarquia do Estado está, ou esteve, um mentiroso e um cobarde é preocupante. Há alguém que, neste momento de público aperto, mostrou que não tinha carácter para ocupar o seu cargo. Treme-se ao pensar como terá agido em momentos de aperto privado - e, seja um ou outro, seja ministro ou chefe das polícias, já deve ter tido muitos."

[In editorial da revista Sábado, 6-04-06]


Confesso que só dei alguma importância à questão no momento da demissão... Até lá, a história passou-me completamente ao lado. Um apanhado sobre os constrangimentos financeiros, a ameaça de demissão em bloco e pouco mais.... Para trás ficou a mudança na jurisdição das polícias e outras achas que aqueceram bastante esta fogueira.... Mea Culpa!

O certo é que este editorial, de que retirei apenas um excerto, é uma brilhante análise da situação....